5º Encontro de Filosofia, Justiça e Trabalho discute questões sobre gênero

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Professora Ana Carla Harmatiuk Matos

Professora Ana Carla Harmatiuk Matos

A professora de Direito Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ana Carla Harmatiuk Matos foi a palestrante do 5º Encontro de Filosofia, Justiça e Trabalho, realizado na última sexta-feira (9/6), no TRT-PR. A convidada, que também atua como advogada na área de família, falou a uma plateia formada por magistrados sobre o tema "Questões de Gênero". O encontro foi promovido pela Escola Judicial, em parceria com a UFPR.

A palestrante discorreu, entre outros tópicos, sobre a atuação de emblemáticas correntes feministas e suas lutas por igualdade, incluindo o feminismo liberal, que, ao longo do século XX, buscou paridade nos direitos formais. Entre as conquistas desse movimento está o Estatuto da Mulher Casada, editado em 1962, que passou a permitir à mulher a ascensão ao trabalho sem a autorização do marido, além do direito de administrar o próprio dinheiro.  

Porém, a professora frisou que essas conquistas pouco alcançaram as mulheres negras, que tinham que suportar outra camada de preconceito: o racismo. "À época, a discussão sobre igualdade de direitos nem estava no horizonte das mulheres negras, que sempre trabalharam, inclusive como escravas". O racismo separando as mulheres foi contestado por outro movimento, desenvolvido principalmente nos Estados Unidos: o feminismo negro.

A professora destacou que as conquistas na legislação não foram suficientes para que as mulheres alcançassem uma efetiva situação igualitária na sociedade e, em especial, no mundo do trabalho. A causa, segundo a palestrante, são os estereótipos construídos, que concebem homens e mulheres em seus papeis e funções bem definidos. "Existem barreiras invisíveis que não nos deixam ascender da mesma forma". Ana Carla apresentou estudos indicando que, em 2012, as mulheres ganhavam, aproximadamente, 72% da renda dos homens.

Dados sobre a situação das mulheres negras chamam mais a atenção: em 2012, elas ganhavam em geral 7,7 reais por hora trabalhada; as mulheres brancas, 12,5 reais; e os homens brancos, 15,6 reais.

A professora abordou ainda o movimento LGBT, que esteve à frente de conquistas jurídicas que quebraram paradigmas na questão dos gêneros, como a licença parental. "As famílias LGBTs trazem potencialidades para a quais parecemos não lançar olhar. Lembram-nos de que tudo aquilo que tomamos como imanente e inalterável, em termos de família, pode não passar de mais uma limitação que se coloca à vivência e à experiência dos seres humanos.".

O próximo Encontro de Filosofia, Justiça e Trabalho está marcado para o dia 23 de junho e contará mais uma vez com professora Ana Carla Harmatiuk Matos. A outra convidada será a socióloga Letícia Lanz. O tema das palestras será "Identidade e Expressão de Gênero".


Notícia publicada em 13/6/2017

Assessoria de Comunicação do TRT-PR
Foto: Caio Porthus
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Última atualização: terça-feira, 13 jun. 2017, 16:17