Curso sobre Justiça Sistêmica terá módulos 3 e 4 nesta quinta (27) e sexta-feira (28)

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Captura de tela exibe a palestrante, Cristiane Pan Nys e as coordenadoras do projeto do curso, juízas Lara Romano e Vanessa Rezende.
As aulas estão disponíveis no canal da Escola Judicial do TRT-PR no YouTube

Perceber a complexidade dos atores processuais é uma arte. Na maioria das vezes, o olhar objetivo é suficiente para a aplicação do Direito a um caso concreto. Entretanto, para solucionar conflitos e promover a paz social, é preciso também observar sob uma perspectiva subjetiva e mais ampla. Afinal, partes, advogados, juízes e mesmo a figura calada do secretário de audiências são sujeitos, antes de tudo. Seres complexos, cada um ocupando o seu papel correspondente em um sistema relacional: a audiência.

Estas foram as principais ideias trazidas pelo seminário “Pensamento Sistêmico: Abordagem teórica e prática na Justiça do Trabalho e suas vantagens para a conciliação e a mediação”, que teve os seus dois primeiros módulos realizados nos dias 20 e 21 de agosto. Nestas duas primeiras aulas foram apresentados os fundamentos teóricos do Pensamento Sistêmico e a aplicação prática deste conhecimento na Justiça do Trabalho.

O curso é promovido pela Escola Judicial do TRT-PR e é composto, ao todo, por quatro módulos. Nos dois próximos módulos, que acontecerão nesta quinta e sexta-feira (27 e 28), serão abordados “As estruturas emocionais dos envolvidos no conflito” e “As ordens sistêmicas da ajuda”.

Mas afinal, o que é o Pensamento Sistêmico? Responder a esta pergunta foi o tema da primeira aula, ministrada pela terapeuta sistêmica Cristiane Pan Nys. Segundo a professora, o “olhar sistêmico” foi desenvolvido pelo alemão Anton “Bert” Hellinger (1925-2019) em meados dos anos 1970, a partir de conhecimentos diversos, como as Teorias do Inconsciente, a Análise Transacional e a Fenomenologia (a consciência do observador é determinante para a observação).

Hellinger considerou que as relações humanas são sistemas em que cada elemento busca ter o seu próprio lugar, com os seus ônus e bônus, dentro de uma hierarquia, e que este sistema busca o equilíbrio. Como terapia, o alemão desenvolveu a técnica das Constelações Sistêmicas, inicialmente aplicadas às questões familiares, mas atualmente implementadas em diversas esferas, como a solução de conflitos judiciais.

“Os fundamentos das Constelações Sistêmicas são aplicados nos conflitos judiciais com os seguintes objetivos: reconciliação, tomada de consciência, humanização das relações, autonomia e empoderamento das partes”, declarou.

Quem assistiu à primeira aula, e ouviu as ideias expostas, pôde saber como elas se aplicam na prática, dentro da realidade da Justiça do Trabalho, pois este foi o tema seguido pela juíza do TRT da 18ª Região (Goiás) Wanda Ramos, que ministrou o segundo módulo do curso.

A magistrada, que é uma das pioneiras na aplicação do Pensamento Sistêmico na Justiça do Trabalho, lembrou que o modelo de litígio judicial tem se tornado a principal forma de resolução de conflitos. Por esta razão, o papel do magistrado deve ir além de simplesmente solucionar processos, havendo a necessidade de uma visão mais ampla das questões a serem dirimidas, considera a Juíza.

Ela declarou que muitas vezes o que é necessário para que se chegue a uma solução real de um conflito é que cada um se sinta respeitado no seu lugar de empregado ou empregador. Para a magistrada, o Pensamento Sistêmico permite ver cada parte como um sujeito dentro de um sistema, compreender as dificuldades de cada um e apontar caminhos para soluções, ao mesmo tempo, objetivas e subjetivas.

“Nós estamos aprendendo a lidar com as dificuldades dos relacionamentos, então estamos buscando nos aperfeiçoar neste aspecto, e as constelações sistêmicas vieram como uma ferramenta a mais para trabalhar na solução de conflitos. Só que isso trouxe o desafio de descobrir qual o melhor ‘lugar do magistrado’ para lidar com o outro, a partir do seu próprio ‘lugar’”, disse.

Acesse o canal da Escola Judicial no YouTube.


Texto: Pedro Macambira

Assessoria de Comunicação do TRT-PR
(41) 3310-7313
ascom@trt9.jus.br

Última atualização: sexta-feira, 28 ago. 2020, 11:42