Direito Sistêmico foi tema de curso promovido pela Escola Judicial

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Seminário "Pensamento sistêmico: abordagem teórica e prática na Justiça do Trabalho e suas vantagens para a conciliação e a mediação"

A Escola Judicial do TRT-PR já disponibilizou, em seu canal do Youtube, as três primeiras aulas que compõem o seminário “Pensamento Sistêmico: Abordagem teórica e prática na Justiça do Trabalho e suas vantagens para a conciliação e a mediação”. A última aula não será disponibilizada. O curso foi realizado na última quinzena de agosto.

Mas afinal, o que é o Pensamento Sistêmico? A resposta desta pergunta foi o tema da primeira aula, ministrada pela terapeuta sistêmica Cristiane Pan Nys. Segundo a professora, o “olhar sistêmico” foi formulado por Anton “Bert” Hellinger (1925-2019) em meados dos anos 1970, a partir de conhecimentos diversos, como as Teorias do Inconsciente, a Análise Transacional e a Fenomenologia.

A partir desta base teórica e da própria experiência de vida, Hellinger considerou que as relações humanas são sistemas que obedecem uma ordem: cada elemento busca ter o seu próprio lugar, dentro de uma hierarquia, e atua no sentido de encontrar equilíbrio entre o dar e o receber. A técnica das Constelações Sistêmicas foi utilizada, primeiramente, na solução de questões familiares. Atualmente ela também é utilizada em questões organizacionais, de saúde e na solução de conflitos judiciais.

“Os fundamentos das Constelações Sistêmicas são aplicados nos conflitos judiciais com os seguintes objetivos: reconciliação, tomada de consciência, humanização das relações, autonomia e empoderamento das partes”, declarou.

Aplicação na Justiça
“Direito Sistêmico” é a denominação que a abordagem de Bert Hellinger recebe quando aplicada ao mundo jurídico. Esta utilização foi o assunto da segunda e da quarta aulas, ministradas pelos magistrados Wanda Ramos (Tribunal Regional do Trabalho de Goiás) e Sami Storch (Tribunal de Justiça da Bahia), respectivamente.

Um consenso entre os dois juízes é o de que o Poder Judiciário se tornou a principal forma de resolução de conflitos na sociedade atual. Por este motivo, ambos observaram que o papel do magistrado deve ir além de simplesmente solucionar processos, havendo a necessidade de uma visão mais ampla das questões a serem dirimidas.

Pioneira na aplicação do Direito Sistêmico no Judiciário trabalhista, a juíza Wanda Ramos declarou que é necessário que cada parte se sinta respeitada no seu lugar de empregado ou empregador. “As constelações sistêmicas vieram como uma ferramenta a mais para trabalhar na solução de conflitos. Só que isso trouxe o desafio de descobrir qual o melhor ‘lugar do magistrado’ para lidar com o outro, a partir do seu próprio ‘lugar’”, disse a magistrada.

O “lugar do magistrado” foi exatamente o tema do quarto módulo, proferido pelo juiz Sami Storch. Ele rejeita a ideia de que o juiz deva se colocar em uma posição de superioridade diante das partes, no sentido de ser o único detentor do conhecimento que pode solucionar o conflito. Ao invés disso, ele observa que um processo é uma relação entre adultos dotados de direitos, responsabilidades e capacidade de escolha. “Portanto, é preciso respeitar a dignidade das pessoas”.

Estruturas Emocionais
A principal fundamentação teórica do Pensamento Sistêmico se encontra na abordagem psicológica da Análise Transacional, criada em 1956 pelo psiquiatra canadense Eric Berne. A aula de número três tratou deste tema, e foi apresentada pela professora Gilmara Tomé, que é facilitadora sistêmica no Tribunal de Justiça do Mato Grosso.

Gilmara Tomé explica que a Análise Transacional é necessariamente formada por agentes capazes, algo similar a um contrato, e compreender isto permitiria ao juiz ou mediador ter o “olhar sistêmico” sobre si e sobre os demais atores processuais. “As transações são a unidade básica de reconhecimento, é a comunicação entre um ser humano e outro. Por isso, numa transação simples, o estímulo de um estado de ego tem uma resposta de outro estado, em um diálogo permanente”, finaliza.

Assista nos links abaixo

Palestra 01 - FUNDAMENTOS PARA UMA PRÁTICA SISTÊMICA

Palestra 02 - APLICAÇÃO PRÁTICA DO PENSAMENTO SISTÊMICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Palestra 03 - ESTRUTURA EMOCIONAL DOS ENVOLVIDOS NO CONFLITO

Texto: Pedro Macambira
Assessoria de Comunicação do TRT-PR
(41) 3310-7313
ascom@trt9.jus.br

Última atualização: quarta-feira, 9 set. 2020, 14:34