02/07/2019
TRT-PR promove debate sobre tecnologia e redes sociais no Direito e na vida de magistrados
<<VoltarEstão em debate no mundo jurídico os atuais e futuros impactos do desenvolvimento tecnológico e das redes sociais no Direito e na vida de magistrados. O tema foi abordado na sexta-feira (28/6), em Curitiba, no curso "Letramento Digital e Mídias Sociais", promovido pela Escola Judicial do TRT-PR, em parceria com a OAB/PR.
O tema é das principais preocupações da Escola Judicial, destacou o diretor da unidade, o desembargador Cássio Colombo Filho. "Precisamos entender para onde a internet está indo, o que são redes sociais e quais as inovações que mudam nossas vidas. Os juízes precisam caminhar bem em direção ao futuro", afirmou.
A preservação da vida privada, a segurança e a atuação de magistrados nas redes foram tópicos abordados pelos palestrantes. "Na internet, a vida pessoal e pública se entrecruzam. Tudo aquilo que se é colocado nas redes está sendo usado por algorítimos, que armazenam as informações pessoais dos usuários em bancos de dados. Por isso, o uso das redes sociais pelos magistrados tem uma grande limitação", destacou o professor Fabro Steibel, ao abordar a possibilidade de se influenciar o Judiciário de acordo com as informações disponibilizadas nas redes pelos juízes.
O palestrante, que é diretor executivo do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro, fez uma avaliação de exemplos positivos de atuação de magistrados nas redes sociais. Num exercício envolvendo a plateia - em formato de Workshop "Em busca das boas práticas do Poder Judiciário nas redes sociais" - o docente concluiu que os magistrados podem utilizar seus conhecimentos técnicos para examinar temas jurídicos e sociais, sempre tendo cautela em suas colocações e mantendo a imparcialidade, não dando margens a interpretações equivocadas. A adoção de uma linguagem mais clara, para alcançar diversos setores da sociedade, também foi ressaltada como uma boa prática.
Mundo do trabalho
O advogado Rhodrigo Deda falou sobre o "aumento exponencial da tecnologia", que dobra de eficiência a cada ano, tornando o futuro do trabalho algo difícil de prever. Segundo o especialista, as mudanças mais radicais começam com as startups, empresas inovadoras e de base tecnológica, como o Über. Nesse contexto, como ficam as relações de trabalho? "É um momento em que teremos que reconstruir o papel do indivíduo. O Direito deve dar uma resposta à sociedade", declarou o Rhodrigo Deda, que preside a Comissão de Inovação e Gestão da OAB-PR.
Na mesma linha, o advogado André Gonçalves Zipperer falou sobre a 4ª Revolução Industrial, nome dado pelo engenheiro e economista alemão Klaus Schwab ao mundo social e econômico baseado na inteligência artificial, na robótica, nos veículos autônomos, na impressão 3d, na computação quântica, no armazenamento de energia e na "internet das coisas".
Alguns dos desdobramentos dessa nova fase da sociedade são os chamados crowdwork e multiterceirização online. Esses modelos de trabalho são caracterizados a partir de uma relação de multiterceirização da atividade humana, praticada sem encontro físico entre trabalhador e quem o contrata. A relação ocorre no cyber espaço, muitas vezes de forma anônima, e o trabalhador assume os riscos da atividade. "Isso muda completamente o paradigma do direito do trabalho", afirmou André Gonçalves Zipperer, destacando que a reforma trabalhista não tratou desses modelos que estão sendo criados. "O teletrabalho já está ultrapassado", frisou. André Gonçalves Zipperer é conselheiro membro do Conselho de Relações do Trabalho da Associação Comercial do Paraná e do Conselho Geral da Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná.
Tecnologia e saúde
O curso "Letramento Digital e Mídias Sociais" contou ainda com palestra de José Álvaro da Silva Carneiro, diretor-geral corporativo do Complexo Pequeno Príncipe e secretário-geral da mantenedora da instituição.
Foram abordadas as inovações de alta tecnologia que serão implantadas na área hospitalar, tendo algumas já sido adotadas pelo Pequeno Príncipe, o maior hospital pediátrico do Brasil, que destina 70% da capacidade ao SUS.
Entre as novidades estão os robôs e o conceito de telepresença na gestão de riscos ao paciente. "Certamente os hospitais do futuro terão uma câmara de monitoramento por leito". José Álvaro afirmou que a coleta de sinais vitais serão inseridas no prontuário eletrônico do paciente e percebidas em sua multiplicidade por softwares programados para gerar alertas.
Outra novidade é o Maudi-Tof, aparelho que reduziu o tempo de identificação de bactérias e fungos, e que detecta esses micro-organismos no corpo humano com maior rapidez - até três vezes mais rápido - do que qualquer outro método disponível no estado no Paraná. "É um avanço, especialmente em casos envolvendo bebês de baixo peso. Nessas situações, 20 minutos de espera fazem a diferença", afirmou.
José Álvaro também citou as inovações consideradas radicais, como é o radiogenômica, modelo de desvendamento dos genomas que relaciona doenças a mutações genéticas, e que aponta "para um novo jeito de se fazer medicina." "Em um futuro próximo, teremos no Pequeno Príncipe terapias genéticas. O objetivo será tanto a cura quanto a prevenção da doença".
O palestrante ressaltou que todas essas inovações estão e serão financiadas por recursos vindos de doações da comunidade. "É a maneira como o Hospital Pequeno Príncipe sobrevive".
As fotos do curso "Letramento Digital e Mídias Sociais" podem ser acessadas AQUI.
Assessoria de Comunicação do TRT-PR
Fotos: Alexandre Gonçalves
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