Escolhas do indivíduo em Shakespeare formam base do discurso jurídico contemporâneo

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Professor Leandro Karnal, diante de tela, profere palestra.
Professor Leandro Karnal aborda influência de Shakespeare no discurso jurídico

Imagem aberta mostra parte da plateia com o palestrante ao fundo
Curso aconteceu no auditório do Fórum Trabalhista de Curitiba
O discurso jurídico contemporâneo tem como base a escolha dos indivíduos, destacando-se as noções de responsabilidade, de consciência e de limites impostos para um bom convívio social. E Shakespeare tem grande influência na construção deste entendimento, segundo o professor da Unicamp Leandro Karnal, palestrante convidado (15/09) da V Semana Institucional da Magistratura do TRT-PR, que acontece na sede do Tribunal, em Curitiba. Karnal fez a conferência "A análise do discurso jurídico contemporâneo à luz de Hamlet de Shakespeare - uma perspectiva transdisciplinar para o século XXI".
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Ao contrário das tragédias gregas, onde os personagens eram peças movidas por um destino já determinado, o professor Leandro Karnal afirma que, em Shakespeare, há liberdade de escolha individual. "Enquanto que Édipo faz de tudo para não matar o pai e não casar com a mãe, Macbeth tem consciência dos seus atos, mesmo delirando a ponto de cometer o crime capital de assassinar um hóspede", destaca o professor.
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Para Leandro Karnal, não faltam exemplos de como a obra de Shakespeare influenciou a formação do ser humano tal qual o conhecemos hoje, como um ser dotado de autoconsciência e liberdade de escolhas. Entretanto, é Hamlet, o príncipe da Dinamarca, o personagem shakespereano que melhor representa a complexidade do indivíduo. "Hamlet é consciente de seus atos, que sua vontade pode ter resultados trágicos, por isso ele tem dúvidas", comenta. Com humor, o professor Karnal ressalta que, embora consciente, Hamlet toma decisões que vão contra a "ordem natural das coisas", encerrando a peça com a consumação da tragédia.
Para Karnal, o valor do indivíduo como senhor do próprio destino está presente até mesmo nas críticas que Shakespeare faz à etiqueta ou à vaidade, através de personagens de caráter duvidoso, que se escondem atrás de aparente boa conduta social, como Iago, em Otelo, ou Polônio, em Hamlet. Deste modo, Karnal levou a audiência a uma reflexão para além do Direito, em direção a uma análise ética sobre a própria conduta de cada um na busca de um sentido mais alto para a própria vida, que se realiza através de escolhas melhores, já que mais conscientes. "Em uma corrida em que ninguém ganha, o que vale é correr, e se o fim é igual para todo mundo, eu tenho que me dedicar à alegria daquele momento", finalizou.
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REDAÇÃO FORENSE
Paralelamente à palestra do professor da Unicamp, dentro do programa da V Semana Institucional da Magistratura do TRT-PR, o professor Eduardo Sabbag ministrava dois módulos da oficina Elementos de Redação Forense. Dividida em três partes independentes entre si, a oficina aborda a construção de textos jurídicos mais concisos e coesos. Em uma sociedade em que nem sempre o cidadão tem a formação necessária para entender o "juridiquês", esta oficina enfoca a importância da clareza nas decisões judiciais. Nesta quarta-feira, o professor Sabbag encerra o terceiro e último módulo, a partir das 14h, no auditório da Escola Judicial.

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Notícia publicada em 16/09/2015
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Última atualização: quinta-feira, 17 set. 2015, 10:46