Psicanalista francês Christophe Dejours analisa precarização da atividade dos magistrados na atual organização do trabalho

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Desembargador Cássio Colombo Filho, psicanalista Christophe Dejours e corregedora regional Fátima Teresinha Loro Ledra Machado
Desembargador Cássio Colombo Filho, psicanalista Christophe Dejours e corregedora regional Fátima Teresinha Loro Ledra Machado
A atual organização do trabalho, caracterizada pelo aumento da demanda, diminuição de prazos e avaliações individuais, está causando mais sofrimento e doenças mentais, e os magistrados não fogem a esta regra. Em casos mais extremos, os sintomas são a depressão e até o suicídio. Com o tema "Organização do Trabalho Judicial e Saúde Mental", o psicanalista francês Christophe Dejours apresentou a magistrados trabalhistas paranaenses o resultado de suas pesquisas na área das doenças mentais no trabalho. A palestra ocorreu no primeiro dia da 5ª Semana Institucional da Magistratura do TRT-PR, que acontece em Curitiba até o próximo dia 18.
Na atual conjuntura, segundo Dejours, quanto mais dedicado e envolvido o magistrado for com seu trabalho, mais sofrerá com a precarização. A intensa sobrecarga de serviços e a submissão a prazos exíguos afetam a qualidade das decisões judiciais. Isso causa profunda frustração por não ser possível realizar a atividade com a qualidade que gostariam "para honrar a Justiça". "Para os magistrados, a degradação de seu trabalho é a degradação de si mesmos, é a perda de sua dignidade", afirmou. Esse conflito seria o principal gerador das patologias psíquicas dos juízes, na opinião do especialista.
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Christophe Dejours destacou que a medição do desempenho individual é uma das principais causas da precarização do trabalho na magistratura. Segundo Cristophe, esses novos métodos de avaliação "feitos de gestores para gestores", que obrigam o juiz a registrar o resultado de seu trabalho numa máquina, submetem o magistrado a uma comparação com seus colegas, estimulando a concorrência e destruindo as relações de solidariedade.
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Para o psicanalista, a cooperação entre colegas pode ser uma forma de superar as dificuldades impostas pelo atual modelo. Reunidos em espaços para deliberação, como a Semana Institucional, ou até mesmo no momento descontraído para um café, os magistrados podem chegar a consensos para construir boas formas de cumprir as regras impostas. Segundo Christophe, o convívio próximo e solidário, além de poder estabelecer melhores condições de trabalho é uma regra de prevenção da saúde mental, "mais importante que a medicina".

Notícia publicada em 15/09/2015
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Última atualização: quinta-feira, 17 set. 2015, 10:30