Transtornos mentais e trabalho: a importância da detecção precoce

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Foto dos debatedores durante o evento

Apesar do avanço da incidência de doenças psíquicas relacionadas ao trabalho, particularmente a partir dos anos 90, ainda é uma tarefa difícil apontar nexos causais e identificar de forma clara os agentes responsáveis por esses transtornos, devido à complexidade de fatores pessoais, sociais e profissionais que contribuem para o seu desenvolvimento.

O assunto foi debatido no II Encontro de Saúde Mental (22/08), realizado na sede do TRT-PR em Curitiba, com participação de profissionais das áreas de saúde e direito, assim como de trabalhadores e empresários do ramo de segurança privada, setor que registra altos índices de estresse.

"Nós ainda precisamos de um instrumental adequado para julgar, para atribuir responsabilidade pelas consequências das doenças do trabalho", avaliou o juiz Marcus Aurélio Lopes, gestor regional do Programa Trabalho Seguro.

Na esfera da concessão de benefícios pelo INSS, a identificação das causas dos transtornos mentais, segundo a advogada Amanda Meister, representante do Conselho de Recursos da Previdência Social, segue um critério que envolve o cruzamento de dados do cadastro internacional de doenças (CID) do trabalhador com o tipo de atividade econômica desenvolvida pela empresa, chegando-se a um índice de probabilidade. Ela observa que nos casos de transtornos mentais, há uma grande dificuldade de adaptação ao mercado de trabalho, após longos períodos de afastamento.

A psiquiatra Tassia Lopes Muller disse que o restabelecimento da saúde é favorecido na proporção direta da detecção precoce dos transtornos, sendo fundamental agir logo após os primeiros sintomas. "É importante não ter preconceito e procurar a ajuda de um profissional, psiquiatra não é médico de louco", afirmou.

O II Encontro de Saúde Mental foi promovido pelo programa Trabalho Seguro PR e pela Coordenadoria de Gestão de Terceiros do TRT-PR. No exercício da presidência do TRT-PR, o desembargador Luiz Eduardo Gunther destacou que o objetivo do seminário é "proporcionar convergência de vozes, unindo conhecimento clínico com o jurídico e social que se inter-relacionam com o Direito do Trabalho".

Outros palestrantes do II Encontro de Saúde Mental foram a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ana Lúcia Barranco, que falou sobre a atuação do MPT, em especial em processos coletivos, e a psicóloga Marcia Estival, que atua como psicóloga e psicoterapeuta.
Foto dos participantes do evento Vigilância Privada


Durante o II Seminário de Saúde Mental, o programa Trabalho Seguro PR recebeu o apoio do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região e a Federação dos Trabalhadores em Empresas Enquadradas no Terceiro Grupo do Comércio e Empregados em Empresas Prestadoras de Serviços no Estado do Paraná (Fetravispp). O programa é coordenado pelos juízes Valéria Rodrigues Franco da Rocha e Marcus Aurélio Lopes.
Empresária do setor de vigilância há 30 anos, Dorothy Garcia de Oliveira defende que investir na qualidade de vida do funcionário é investir na empresa. Ela mantém integrados os setores de administração, recursos humanos e de psicologia: "Quem vai fazer a minha empresa crescer é o meu funcionário".

Para o presidente da Fetravispp, João Soares, a maior pressão sobre os vigilantes acontece nas empresas financeiras, partindo dos próprios clientes. Por isso, a categoria tem desenvolvido campanha educativa para que o público em geral se identifique e compreenda a necessidade de medidas de segurança utilizadas pelos bancos. "Nos aeroportos não se vê ninguém reclamar da segurança, mas nos bancos é preciso esclarecer”, disse.


Notícia publicada em 22/08/2016
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Última atualização: quarta-feira, 24 ago. 2016, 10:43