14/09/2017
Sistema de cotas e relação entre Justiça e sociedade foram temas de debate na Semana Institucional
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O segundo dia da Semana Institucional da Magistratura (12) foi dedicado à realização de painéis. Dando sequência às atividades iniciadas pela manhã, na parte da tarde os magistrados puderam assistir a três exposições, que trataram de temas como "Aspectos controvertidos em relação ao sistema de cotas", abordado pelo cientista político Bruno Garschagen, "Preconceito linguístico", apresentado pelo professor Caetano Galindo, e "Um olhar sobre a Justiça do Trabalho", desenvolvido pelo jornalista Rogério Galindo.
Trazendo um olhar crítico a respeito do sistema de cotas atualmente em vigor no Brasil, Bruno Garschagen iniciou os trabalhos convidando os participantes para uma reflexão sobre os resultados efetivos da iniciativa. Para o expositor, apesar de ter aspectos positivos, como despertar o interesse de algumas parcelas da população para possibilidades anteriormente ignoradas, o sistema apresenta falhas que precisam ser corrigidas.
"O objetivo do sistema de cotas é inserir em determinado ambiente um grupo específico da sociedade que não conseguiu essa inserção por seus próprios meios. O que precisamos nos perguntar é se este propósito está sendo de fato atingido", provocou Garschagen.
Do ponto de vista do palestrante, a criação de leis nem sempre é suficiente para resolver questões complexas como esta. Como exemplo, o cientista político apresentou números que demonstram resultados pouco satisfatórios para os sistemas de cotas destinados à inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e de mulheres na política. De acordo com Bruno Garschagen, dos 7 milhões de profissionais com deficiência no Brasil, pouco mais de 380 mil estão empregados. A baixa representatividade das mulheres na política é, segundo o expositor, outro problema que a criação de cotas não solucionou.
Justiça e sociedade
Durante o segundo painel, os irmãos Caetano Galindo e Rogério Galindo conversaram com os magistrados sobre "impressões". O professor Caetano Galindo, doutor em linguística, foi o primeiro a fazer sua exposição. Na introdução de sua palestra, o convidado utilizou exemplos práticos para demonstrar que a linguagem discursiva, assim como a aparência, pode criar barreiras e dificultar antecipadamente a comunicação entre as pessoas, uma vez que "somos essencialmente superficiais e preconceituosos".
"Todo enunciado é também marca de lugar hierárquico, de poder, de submissão ou de domínio. (...) Um dado cruel sobre isso é que uma grande parcela da população do Brasil não tem acesso ao aprendizado da norma culta da linguagem e, por isso, é privada da oportunidade de ser levada a sério", declarou o professor, enfatizando a importância de aproximar a linguagem utilizada pelo Judiciário à linguagem do dia a dia do cidadão.
Na mesma linha, o jornalista Rogério Galindo discorreu sobre as impressões da sociedade em relação ao Poder Judiciário. Segundo o palestrante, pesquisas apontam que, ao contrário do que acontece com o Poder Executivo e o Poder Legislativo, o Judiciário, de maneira geral, é visto com bons olhos pela população brasileira.
O expositor afirmou, no entanto, que ainda há espaço para melhorar o relacionamento entre Justiça e sociedade. "O cidadão vê o juiz como parte de uma categoria isolada, ele não se sente parte da instituição. Penso que é possível mudar isso melhorando a comunicação e demonstrando mais empatia", concluiu.
Manhã
Durante os painéis do período da manhã, Luís Fernando Lopes Pereira falou sobre as raízes históricas do Estado brasileiro e Elias Thomé Saliba tentou explicar as origens da veia "humorística" natural do brasileiro.
Em seguida, a matéria em debate foi "Economia e Trabalho", abordada pelos professores José Pio Martins e Márcio Pochmann.
Leia mais sobre os painéis AQUI.
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